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Mbemba é o típico jogador à Porto, representa trabalho, confiança e superação (ainda esta semana escreverei um artigo sobre este defesa e explicarei porque defendo que é um jogador à Porto, daqueles da “antiga”)
Chancel Mbemba, defesa central do FC Porto deu uma interessante e extensa entrevista ao jornal OJOGO, onde passa a pente fino a temporada que passou. Houve ainda tempo para algumas confidências e para falar um pouco da sua vida pessoal. Vê tudo abaixo.
Em vésperas de aniversário (completa 26 anos sábado), Mbemba teve presente antecipado com a vitória na Taça de Portugal, onde foi o herói da partida com 2 golos.
Entrevista integral ao jornal OJOGO
Começou a época como suplente e terminou como uma das grandes figuras da equipa. Qual é o seu sentimento?
—É uma sensação de orgulho, um sonho tornado realidade. É também o resultado de ter trabalhado sempre no máximo e ainda da minha tenacidade. Trabalhei muito para chegar a este patamar. Apesar disso, o futebol é um desporto coletivo e, por isso, tenho um orgulho ainda maior por termos vencido juntos o campeonato e a Taça de Portugal. Todos contribuímos à nossa maneira para esta grande época.
Sente-se o herói da conquista da Taça de Portugal?
—Não! Sinceramente, não. Como disse, no futebol as vitórias são sempre fruto de um trabalho de toda a equipa. E foi assim connosco.
No final do jogo foi muito procurado por todos. O que lhe disseram Sérgio Conceição e os seus companheiros de equipa?
—Como é evidente, todos me deram os parabéns. Também disseram que eu tinha tido muita sorte nos golos [risos]. Ainda brincaram com o meu primeiro nome, Chancel, que significa sorte. Foi muito divertido.
Alguma vez tinha marcado dois golos no mesmo jogo?
—Por acaso já. No meu antigo clube, o Anderlecht, marquei dois golos num jogo muito importante frente ao Galatasaray. Foi numa partida da Liga dos Campeões, tínhamos no nosso grupo o Arsenal e o Borussia de Dortmund, e vencemos o Galatasaray por 2-0. Com essa vitória, garantimos o terceiro lugar e fomos repescados para a Liga Europa. Lembro-me bem: marquei o primeiro golo de cabeça e o segundo com o pé.
Imagino que tenha recebido muitas mensagens depois da vitória na Taça de Portugal. Gostava de destacar alguma?
—Senti uma grande felicidade quando recebi as mensagens da minha esposa, dos meus filhos e dos meus pais. A verdade é que trabalho nos limites a pensar neles, porque os quero deixar orgulhosos do meu trajeto e daquilo que vou conseguindo alcançar na vida.
Falando do campeonato e da desvantagem pontual para o Benfica. Nessa altura, acreditou que o FC Porto seria campeão?
—Por acaso sim, até porque essa é a nossa forma de estar no clube. Ganhar o campeonato é o grande objetivo da época e temos de acreditar para lá chegar. Aliás, se não acreditássemos, de certeza que não teríamos sido
campeões. E qual foi o melhor jogo do FC Porto esta época?
—Não consigo escolher só um. Chegámos ao final só com vitórias nos clássicos com o Sporting e o Benfica; vencemos todos os jogos, tanto em casa, como fora, e isso tem de ser destacado. Para mim, têm de ser esses todos.
O facto do FC Porto ter vencido os três jogos que disputou com o Benfica serviu para acabar com a
discussão sobre qual foi a melhor equipa em Portugal?
—Sim, sem dúvida. Provámos que fomos melhores e mais eficientes do que o nosso rival ao longo desta temporada.
E individualmente, qual foi o melhor jogo?
—Essa é fácil: a final da Taça de Portugal. Mas há outro jogo muito importante para mim, que foi o triunfo em Paços de Ferreira, no qual marquei o golo da vitória [1-0] que nos colocou muito perto da conquista do título. Aliás, para mim, esse foi o jogo mais importante do campeonato. Aquela vitória permitiu-nos ficar com uma vantagem confortável sobre o Benfica.
Mbemba falou depois de como se procedeu a sua transferência para o FC Porto, da paciência que teve de ter para agarrar um lugar no 11, falou da rivalidade com o Benfica e …contou uma confidência insólita.
Jogou na Bélgica [Anderlecht] e em Inglaterra [Newcastle]. Nesses dois países, assistiu a uma rivalidade tão intensa como aquela que se vive entre o FC Porto e o Benfica?
—Não, nunca vi nada parecido com isto. É a primeira vez que estou a viver uma rivalidade tão grande entre dois clubes. Já agora, uma pequena brincadeira: desde que estou no FC Porto, nunca mais vesti roupa vermelha [risos].
Como é que aguentou estar mais de um ano completamente na sombra dos titulares? Nunca perdeu a paciência?
—Não, sempre fui uma pessoa muito calma. Conheço as minhas qualidades, tinha consciência do que podia dar à equipa e sabia que a minha hora acabaria por chegar. Quando cheguei ao clube, lesionei-me logo nos primeiros treinos,mas fui paciente e sabia que,no final, tudo iria ficar bem. Não sou daquele tipo de pessoas que se fica a lamentar. Trabalhei muito para recuperar o mais rapidamente possível da lesão, de forma a que o treinador pudesse contar comigo para o que fosse preciso.
Como aconteceu a sua mudança do Newcastle para o FC Porto?
—Na altura, os meus empresários comunicaram-me que o FC Porto estava interessado na minha contratação. Falei
com a minha esposa e ela disse logo: ‘Vamos’. Era uma grande oportunidade para mim, daquelas que não podia deixar passar. Confesso que foi inesperado, não estava a contar com a proposta, mas aceiteilogo, porque era bom para mim.
Mbemba explicou ainda a sua apetência para fazer golos e falou da concorrência no FC Porto
Revelou, nesta fase final da época, uma grande capacidade goleadora. Sente que pode marcar mais do que seis golos na próxima época?
—Se não estou em erro, acho que até já marquei mais do que seis golos no Anderlecht [na realidade, foram mesmo seis, na época de 2013/14]. Mas vamos ver o que acontece na próxima temporada. Sou daqueles jogadores que gosta de aproveitar as oportunidades que vou tendo para marcar.
Apesar de ser defesa central, Sérgio Conceição utilizou-o em várias posições…
—Não me importa muito o papel que o treinador me dá em campo. Posso assumir qualquer posição. Aliás, na seleção do Congo até estou bastante habituado a jogar como médio-defensivo. Isso nunca será um problema para mim.
Como é ter colegas como Pepe, Marcano e Diogo Leite? Como define cada um?
—Todos somos diferentes todos têm as suas qualidades. O Pepe e o Marcano são muito experientes e é uma honra jogar ao lado deles. O Diogo Leite é um jovem com um enorme futuro! Entre nós os quatro, sinto que estivemos bem, segurámos aquela defesa e alcançámos os nossos objetivos.
Como é tão raro conseguir uma entrevista de Mbemba, não se deixou fugir a oportunidade para tocar no seu lado mais pessoal, e um pequeno reviver do passado sobre os primeiros passos enquanto futebolista.
Chancel Mbemba nasceu num dos muitos bairros de Kinshasa, capital do Congo, onde, como muitas outras crianças, começou a dar os primeiros toques na bola.
“Depois disso, joguei em alguns clubes amadores, ainda na formação, até ser visto por pessoas ligadas à equipa profissional MK Étanchéité. O presidente desse clube trabalhava com o meu atual empresário, que estava na Bélgica, e foram eles que trataram da minha transferência para o Anderlecht, que foi o meu primeiro clube na Europa”, revela.
Mbemba ainda terminou a formação na Bélgica e fez duas grandes épocas na equipa principal do Anderlecht, que lhe valeram o salto até Inglaterra. No Newcastle teve um bom arranque (35 jogos em 2015/16), mas seguiram-se dois anos com pouca utilização (24 partidas no total), que acabaram por lhe proporcionar a oportunidade de jogar no FC Porto, muito por culpa de Sérgio Conceição, que o conhecia dos tempos em que os dois trabalharam na Jupiler League. O resto já é conhecido.
Sobre o que gosta de fazer fora do futebol, Chancel assegura ter uma “vida bastante tranquila e discreta”. “Não sou de festas, não gosto. Gosto das coisas mais simples da vida, como estar em família com os meus filhos. Para além disso, sou um grande fã de cinema. Assisto a muitas séries e filmes”.
O caminho é para a frente Chancel ! Ainda agora começou a tua glória neste clube fantástico!
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